Exposição em Campinas homenageia os 40 anos da cerimônia de Lavagem das Escadarias da Catedral

Lavagem das Escadarias da Catedral de Campinas

Reconhecida como patrimônio imaterial da cidade, celebração revela importância da cultura de matriz africana na identidade cultural da cidade

A Estação Cultura de Campinas recebe a exposição “Lavagem da Escadaria da Catedral: Patrimônio Cultural de Campinas”, da fotodocumentarista Fabiana Ribeiro. A mostra, om apoio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Campinas, reúne 60 painéis com fotografias e textos que narram a trajetória e a força simbólica da tradicional cerimônia afro-brasileira realizada todos os anos no Sábado de Aleluia. A visitação é gratuita.

 

Aberta ao público, a exposição pode ser vista até o dia 27 de abril, no saguão de entrada da Estação Cultura Antônio da Costa Santos. A iniciativa convida o público a conhecer mais de perto uma das expressões culturais mais emblemáticas da cidade, reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial de Campinas desde 2022.

 

As imagens capturam momentos marcantes da Lavagem da Escadaria da Catedral Metropolitana de Campinas, destacando sua riqueza estética, espiritual e coletiva. Os textos apresentam conceitos sobre patrimônio imaterial e sua importância para a construção da memória e identidade social, além de trazer trechos de falas de lideranças religiosas e participantes da manifestação cultural afrodiaspórica, que ajudam a dar voz e contexto à celebração.

 

A Lavagem das Escadarias da Catedral é um potente ato cultural e ancestral de matriz africana que acontece em Campinas desde 1985, sempre no Sábado de Aleluia. Mais do que uma manifestação religiosa, a celebração é um símbolo de resistência negra, de combate à intolerância religiosa e ao racismo, ocupando a região central da cidade como território de memória, fé e afirmação cultural.

O cortejo tem início na Estação Cultura Antônio da Costa Santos, prédio histórico cuja construção contou com a mão de obra de pessoas negras. De lá, segue em direção à Catedral Metropolitana, também erguida pelas mãos do povo negro, escravizado e historicamente marginalizado. A escolha do trajeto carrega um forte simbolismo: é a retomada dos espaços que foram negados e a valorização da contribuição negra na construção da cidade.

A Lavagem é a união de múltiplos laços – da música, da arte, dos tambores que ecoam os ritmos ancestrais, dos corpos dançantes que expressam fé e resistência, do perfume das ervas e flores, da pureza dos trajes brancos, da sabedoria dos mais velhos e da força da juventude. É, sobretudo, uma celebração da cultura afro-brasileira em sua plenitude.

A cerimônia também evidencia a força matriarcal das líderes religiosas, que carregam a herança das mulheres que, no pós-abolição, mantiveram viva a fé e os saberes nos terreiros e em suas casas. Mãe Dango e Mãe Corajacy, religiosas do candomblé de nação Angola e idealizadoras da Lavagem das Escadarias, representam esse legado. Com sabedoria ancestral, conduzem uma celebração que une centenas de pessoas, fortalecendo os laços da tradição, da memória e da espiritualidade.

 

Sobre Fabiana Ribeiro

Formada em Comunicação Social  pela PUC Campinas.  Cursou Cinema Documentário na Escola S. Cinema i Audiovisuals de CatalunyaAudiovisual, Barcelona, Espanha.

Responsável por vários projetos nas áreas de comunicação institucional e comunicação visual na área cultural pelo serviço público municipal. Atua na área de fotografia desde 2013 registrando imagens e se especializando em documentar  as manifestações, celebrações, expressões  artísticas e culturais. Atua no campo da memória. Também registra  movimentos culturais e sociais. Tem diversas  formações na área, algumas com  fotógrafos como João Roberto Ripper, Rogério Assis e Nair Benedicto.  Fotografar as manifestações, celebrações e ações dos grupos de cultura popular e movimentos sociais trouxe uma aproximação profunda da fotógrafa com os grupos e com suas memórias.

Serviço:   

 

Lavagem da Escadaria da Catedral:  Patrimônio Cultural de Campinas

Exposição fotográfica

Quando: de 15 a 27 de abril, na Estação Cultura de Campinas

Horário: aberto ao público das 8h às 19h de segunda à sábados, domingo aberto caso haja eventos na Estação

Local: Saguão da Estação Cultura

Endereço: Estação Cultura Prefeito Antônio da Costa Santos – Praça Mal. Floriano Peixoto – Centro, estacionamento gratuito com entrada pela Vila Industrial – Rua Francisco Teodoro, 1050

Entrada gratuita

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