Lesão do ligamento do joelho
As mulheres cada vez mais nos surpreendem e se superam no meio esportivo. A dedicação e força são características da nossa determinação e capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Mas existem diferenças fisiológicas entre homens e mulheres: As mulheres têm uma taxa de gordura corporal mais elevada; Menor consumo máximo de oxigênio e hemoglobina
– Débito cardíaco inferior; e Diminuição da massa muscular e força.
E infelizmente não é só isso! Nas estatísticas de lesões atléticas, a mulher tem uma incidência aumentada de distúrbios patelo-femurais, fraturas por estresse e lesões do ligamento cruzado anterior (LCA).
Lesão do ligamento do joelho
O risco de lesão é duas vezes maior do que nos homens, especialmente nos esportes que tem rotação do joelho. A lesão do LCA é mais comum em mulheres devido à biomecânica da marcha e corrida e diferenças de controle neuromuscular. O condicionamento e a força desempenham também fatores importantes, pois as mulheres pousam com os joelhos em maior extensão e valgo devido à rotação interna do quadril (mulheres tem quadris mais largos).
Além disso tem: articulação menor; menor tamanho do ligamento; níveis hormonais cíclicos (o LCA tem maior risco de lesão durante a primeira metade – fase pré-ovulatória – do ciclo menstrual; alinhamento dos pés; e predisposição genética
E ainda existem trabalhos que mostram predisposição genética: uma sub-representação do genótipo CC de uma sequência de genes COL5A1 em fêmeas com rupturas de LCA. E como as mulheres podem lidar com essas diferenças que nos desfavorecem e contribuem para o aumento de lesões? A incidência pode ser reduzida com o treinamento neuromuscular e fortalecimento funcional. A prevenção de lesões é fundamental através do reforço muscular. Ter cuidado com a tríade da mulher atleta, que é uma condição observada e consiste em:
Amenorreia: ausência de menstruação ou diminuição
A incidência de amenorreia em corredores de elite é quase 50%. Resulta de desequilíbrio energético, baixa gordura corporal e alterações do eixo hipotálamo-hipófise. Amenorreia e outras irregularidades menstruais aumentam o risco de fraturas ósseas.
Baixo peso corporal por si só não é suficiente para explicar a perda de períodos menstruais. Mas parece que a amenorreia acontece quando você consome menos calorias. Então, você está recebendo muito pouca nutrição para a quantidade de exercício que você está fazendo.
O peso influencia a densidade óssea. O risco de perda óssea aumenta quando você tem uma baixa porcentagem de gordura corporal. A amenorreia pode ser secundária (cessação da menstruação durante seis meses após pelo menos um ciclo normal), sendo muitas vezes causada por distúrbios hormonais e está associada à desmineralização óssea e fraturas por estresse.
Desordens alimentares: ingestão de calorias insuficiente
Caracterizado pelo medo mórbido do ganho de peso, certos distúrbios alimentares levam a restrição severa da ingestão de alimentos. Isso resulta em perda de peso extremo ou mesmo fome. A maioria das atletas do sexo feminino está preocupada com seu peso corporal e forma, e pode seguir uma dieta rigorosa. Evitam nutrientes-chave que pode levar a quantidades inadequadas de proteína, ferro, cálcio e zinco na dieta.
Mulheres que na dieta eliminam produtos lácteos perdem uma fonte primária de cálcio, que é vital para a resistência óssea. Alguns estudos dizem que menos de 25% das adolescentes recebem o cálcio necessário todos os dias através de alimentos ou suplementos.
Osteoporose: enfraquecimento dos ossos deixando-os propensos à lesões
As mulheres atletas estão em risco para fraturas por estresse. Na verdade, um osso quebrado pode ser o primeiro alerta médico de que há um problema. Até 30% dos dançarinos de balé sofrem de fraturas por estresse repetidas, o que aponta para problemas de obter ossos minerais suficientes e baixo peso corporal.
Tratamento
Se você é uma atleta do sexo feminino, é importante minimizar seus riscos, tanto quanto você pode. Por exemplo, ser vigilante dos efeitos do treinamento sobre o corpo. Tomar medidas se você perde períodos menstruais ou se sua gordura corporal diminui significativamente.
Atletas com distúrbios menstruais têm menores níveis de estrogênio, o que muitas vezes leva a menor massa óssea. Os achados mostram que uma jovem que não menstruou em quatro anos pode ter a densidade óssea de uma mulher de 50 anos de idade. Certifique-se de aumentar o cálcio em sua dieta (ou através de suplementos), e comer calorias suficientes para manter sua gordura corporal ou peso de cair muito baixo.
Pessoas que são muito magras – com uma gordura corporal abaixo de 12% para a atleta adolescente – não vai manter os ossos fortes. Além disso, uma abordagem multidisciplinar deve incluir aconselhamento psicológico, reeducação alimentar e reedução funcional.
A alimentação diária deve começar por estabelecer um balanço energético, aumentando a massa magra e sendo proporcional a seu treinamento e composição corporal
Redução da intensidade e do excesso de exercícios físicos, direcionando para adquirir condicionamento e performance de forma gradual.
Além do aumento de cálcio e vitamina D na dieta, em alguns casos podemos até considerar a reposição hormonal com estrogênios cíclicos ou progesteronas no tratamento da osteoporose. Pílulas anticoncepcionais orais podem ser benéficas no tratamento da amenorreia mas devem ser devidamente orientadas pelo médico do esporte.
Bons treinos!
Ana Paula Simões é Professora Instrutora da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e Mestre em Medicina, Ortopedia e Traumatologia e Especialista em Medicina e Cirurgia do Pé e Tornozelo pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. É Membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia; da Associação Brasileira de Medicina e Cirurgia do Tornozelo e Pé, da Sociedade Brasileira de Artroscopia e Traumatologia do Esporte; e da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte. www.anapaulasimoes.com.br