Jovens são as principais vítimas fatais ao misturar álcool e direção
Foram 14 vidas perdidas em vias urbanas até outubro deste ano: esse é o saldo de mortes no trânsito causadas por condutores que assumem o risco de dirigir após consumir bebida alcoólica. Neste final de ano, típico das confraternizações, a Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) alerta para as consequências desse comportamento de risco.
No último balanço preliminar de óbitos em vias urbanas divulgado pela Emdec, a combinação entre álcool e direção ultrapassou o excesso de velocidade entre os fatores de risco que mais causaram mortes no trânsito. Foram 59 óbitos no trânsito em vias urbanas até outubro e 39 sinistros fatais já foram analisados. Destes, 14 (36%) envolveram o consumo de bebida alcoólica e 10 (26%) a velocidade excessiva ou inadequada.
A maioria das mortes em que o álcool aparece como fator de risco envolveu jovens de 18 a 29 anos – foram quatro vítimas fatais (29%), todos pedestres. Entre os 14 casos confirmados, os motociclistas foram as principais vítimas – foram sete óbitos, ou seja, 50% do total. Na sequência, aparecem quatro pedestres (29%), que circulavam sob o efeito de álcool; dois ocupantes de outros veículos (14%) e um ciclista (7%).
Confira os principais efeitos do álcool, que comprometem a habilidade de dirigir com segurança:
- Comportamento incoerente ao executar tarefas;
- Diminuição da atenção e da vigilância;
- Reflexos mais lentos;
- Dificuldade de coordenação e redução da força muscular;
- Problemas de equilíbrio e de movimento;
- Comprometimento da capacidade de julgamento e visão.
Em 2023, quase metade das vítimas alcoolizadas eram jovens. Campinas computou 159 vidas perdidas no trânsito em 2023, em 149 sinistros fatais, sendo 79 (49,7%) em vias urbanas e 80 (50,3%) em rodovias. O fator de risco álcool apareceu em 47 (35,3%) do total de 133 sinistros analisados.
Nas vias urbanas, foram 64 sinistros fatais analisados e em 21 (32,8%) deles o álcool esteve presente. Nas rodovias, 69 sinistros foram analisados e em 26 (37,7%) casos o álcool aparece como fator de risco. Nestes casos, o consumo de álcool foi identificado nas vítimas fatais ou em outros envolvidos nos sinistros.
O município também testa a presença do álcool especificamente nas vítimas fatais condutoras de veículos e os pedestres, excluindo os passageiros. Confira os resultados:
Vias urbanas
– 42 vítimas fatais testadas.
– 19 (45,2%) estavam alcoolizadas.
– 9 (47,4%) tinham entre 18 e 29 anos e todas conduziam motocicletas sob o efeito de álcool.
– 13 motociclistas conduziam sob efeito de álcool.
– 10 (52,6%) das vítimas fatais dirigiam alcoolizadas aos sábados ou domingos.
– 9 (47,4%) das vítimas fatais dirigiam alcoolizadas a noite e 8 (42,1%) na madrugada.
Rodovias
– 47 vítimas fatais testadas;
– 22 (46,8%) estavam alcoolizadas.
– 9 (40,9%) tinham entre 18 e 29 anos: 4 eram motociclistas, 3 condutores de outros veículos e 2 eram pedestres.
– 12 motociclistas conduziam sob efeito de álcool.
– 12 (54,5%) das vítimas fatais dirigiam alcoolizadas aos sábados ou domingos.
– 8 (36,4%) das vítimas fatais dirigiam alcoolizadas a noite e 6 (27,3%) na madrugada.
Os dados estão detalhados no Boletim de Vítimas Fatais e no Relatório Anual de Sinistralidade no Trânsito, disponíveis no site da Emdec, no endereço bit.ly/
Blitze educativas e fiscalizatórias
Entre as ações realizadas pela Emdec para coibir condutas de risco no trânsito estão as blitze de fiscalização. Foram 114 operações integradas e quase 4,4 mil infrações de trânsito identificadas até novembro deste ano. Entre elas, 18 Operações Direção Segura (ODS), realizadas pelo Departamento Estadual de Trânsito e Polícia Militar, com apoio da Emdec, algumas delas com foco na identificação de alcoolemia.
Além disso, a Emdec realiza periodicamente blitze educativas que alertam sobre os riscos de beber e dirigir. As abordagens incluem testes informais com um etilômetro passivo, que detecta se a pessoa fez uso de álcool sem a necessidade de assoprar o equipamento. Ao longo de 2024, foram realizadas seis blitze educativas neste formato em bares e blocos carnavalescos, que impactaram 9,7 mil pessoas.
As orientações educativas destacam as alternativas para não transformar os momentos de confraternização em tragédias: optar pelo transporte público, por aplicativo ou carona com o motorista da rodada.
Infração gravíssima
Conduzir veículo automotor sob influência de álcool é infração gravíssima, multiplicada por 10, com multa no valor de R$ 2.934,70, recolhimento e suspensão da habilitação por 12 meses e retenção do veículo. Se o teor alcoólico for igual ou superior a 0,34 mg/L, o condutor pode responder criminalmente. A pena prevê detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de obter a permissão ou habilitação para dirigir.
Em Campinas, a presença de álcool nas vítimas fatais é determinada por meio dos resultados dos exames de alcoolemia realizados no Instituto Médico Legal, identificação de odor etílico por membros das equipes de saúde e teste de etilômetro feito por policiais militares que atenderam a ocorrência.
As análises das causas dos sinistros são realizadas pelo Comitê Intersetorial Programa Vida no Trânsito, grupo de trabalho intersecretarial dedicado a analisar detalhadamente cada sinistro fatal. O comitê é composto por representantes da Emdec, Secretaria Municipal de Saúde, Samu, Instituto de Criminalística (IC), Polícia Militar (PM), Corpo de Bombeiros, Polícia Militar Rodoviária (PRE), Departamento de Estradas e Rodagem (DER), concessionárias CCR Autoban, Via Colinas, Renovias, Rodovias do Tietê e Rota das Bandeiras. Contribuem com informações complementares os hospitais Dr. Mário Gatti e Celso Pierro – PUC Campinas.
Fonte: Secom-PMC