Assumindo a Emeritude

Ninguém sabe o que acontece com um padre que se torna Emérito. Quando ele deixa a Paróquia, para onde vai? Deixa o convívio dos paroquianos e se afasta de todos. Mas, como será o seu sustento? Como será sua alimentação? Onde vai morar? Morar com familiares é quase impossível: eles têm suas famílias, devem ser idosos ou nem estão mais vivendo conosco. Para substituir esses padres, muitas vezes existe um fila de interessados, especialmente se a paróquia tem uma boa “arrecadação”.  Dizem que os Eméritos devem receber, ao menos, três salários mínimos. Mas não tem nada resolvido. Onde está escrito isso? E sobre a moradia? E a assistência psicológica?

É por isso que muitos padres têm medo de se aposentar e vão adiando a data. Mas foi por isso que saí e dei “Um Salto no Escuro“, e resolvi escrever porque sei que, atrás de mim, outros virão.  Escrevi para falar de minha experiência  pessoal. Não falo sozinho. Eu me apoiei em visitas a colegas padres e em uma tese de Mestrado de uma Psicóloga que analisa a situação com pesquisa e muito estudo. Não escrevi carregando mágoas nem tristezas, ao contrário, somente Gratidão por ter dado minha contribuição, com muita alegria, em tempo de mudanças provocadas pelo Concílio Vaticano II.

Escrevi também porque pode servir como subsídio para a nossa e outras dioceses criarem uma Estrutura sólida para cuidar e dar assistência aos Padres Idosos. Se os bispos criaram essa estrutura porque os padres ficaram de lado se são eles quem estão na base do trabalho, em periferias distantes e atividades cansativas? Muitos deles passaram por dificuldades, fizeram muitas renúncias, defenderam teses de Mestrado e Doutorado, gastaram suas vidas pela Igreja e mereceriam mais atenção, ao menos por serem seres humanos idosos.

Como catequista sei o que está no Evangelho e o que disse Jesus aos “Operários do Reino”: “E quando terminarem o trabalho digam: não fizemos mais do que nossa obrigação; somos servos inúteis”.  Mas, essa palavra não dispensa a lembrança e a prática de gestos de carinho, atenção e cuidado como Jesus teve para com todas as pessoas, sem distinção. Está registrado no evangelho: “O que Eu vos fiz, fazei-o vós também” (Jo 13,13-15)

Apresento com simplicidade minha experiência pessoal nesse livro de 20 páginas como contribuição para se criar uma Estrutura de atendimento espiritual, psicológico e financeiro aos padres idosos, e também para a criação da Pastoral Presbiteral.

 

Cônego Honorário do Cabido

Luiz Carlos F. Magalhães

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