Mitos e verdades sobre a fertilidade feminina

Cada vez mais o número de pessoas com problemas de infertilidade cresce em todo o mundo. Segundo dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2020, a estimativa é que 80 milhões de pessoas sofram com a infertilidade, o que corresponde a 15% da população mundial. Só no Brasil, são aproximadamente 8 milhões que não tem condições fisiológicas de engravidar naturalmente.

Maus hábitos alimentares e consumo excessivo de drogas lícitas como álcool e cigarro são alguns fatores que prejudicam a fertilidade. “Há também questões que são inerentes ao estilo de vida e como cada indivíduo lida com a saúde ou ainda algumas doenças que acometem o aparelho reprodutor ou, simplesmente, a diminuição natural da qualidade e quantidade dos óvulos com o avanço da idade, no caso das mulheres”, explica a presidente da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), Dra. Hitomi Miura Nakagawa.

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Levar uma vida saudável já é um conceito bastante conhecido pela sociedade. Mas, o que muitas pessoas ainda não conseguem compreender são alguns paradigmas que permeiam, por anos, a vida das mulheres sobre a própria fertilidade. “Mesmo com a tecnologia e a facilidade de se obter informações, ainda encontro pacientes com muitas dúvidas sobre a capacidade de reprodução do organismo”.

Para desmistificar o que muitas têm receio de perguntar ou que foram condicionadas a pensar, a especialista em reprodução humana esclarece os principais mitos e verdades sobre a fertilidade feminina:

1.     Toda mulher nasceu para engravidar

Mito! Por fatores fisiológicos, emocionais ou comportamentais, nem todas nasceram para engravidar e para serem mães. São duas questões que se complementam, mas são isoladas. Nem sempre o organismo feminino está preparado ou tem os fatores necessários para engravidar naturalmente. Porém, mulheres férteis ou não podem escolher viver a maternidade.

2.     Os óvulos envelhecem

Verdade! Toda menina nasce com uma reserva ovariana determinada, que não é renovada. Os óvulos envelhecem ao longo da vida e são descartados naturalmente, sendo que a maior perda ocorre até o nascimento. Com cerca de cinco meses da vida intra-uterina, acontece o pico de concentração das células germinativas femininas, em torno de 6-7 milhões. À partir daí ocorre a perda irreversível e inexorável desse patrimônio e ao nascimento, cada mulher tem cerca de um a dois milhões de óvulos. Quando chega à puberdade, esse número cai para 300 a 500 mil, sendo que apenas 300 a 500 deles chegam a ovular durante a vida reprodutiva. Por volta dos 37 anos, o número diminui para aproximadamente 25 mil e, aos 51 anos, é natural que a mulher entre na menopausa, mesmo que ainda se identifiquem alguns raros folículos (“casinha” do óvulo) ao exame de ultrassom. Ou seja, a quantidade de óvulos disponíveis para gerar um embrião é cada vez menor com o passar do tempo e a possibilidade de gestar é diminuída ao longo da vida de uma mulher.

3.     Se há menstruação, há chances de engravidar

Mito! A presença da menstruação nem sempre indica que há qualidade e quantidade de óvulos saudáveis para serem fecundados. O que muitas mulheres não sabem, é que menstruação é diferente de sangramento. O ato de menstruar só é reconhecido como tal, quando existe um ciclo, ou seja, o óvulo maduro foi liberado por um dos ovários. O útero é revestido pelo endométrio – camada interna que se prepara para receber e abrigar o embrião. Quando não ocorre a fecundação, esse revestimento se desprende da parede uterina e é eliminado do organismo sob a forma de menstruação. Sendo assim, muitas mulheres que não têm esse ciclo de forma completa podem apresentar irregularidade menstrual. Há casos em que o processo se dá poucas vezes durante o ano e, nos intervalos, pode ocorrer apenas escape de sangue ou quando vier o fluxo, ser hemorrágico.

4.     A idade é o principal fator que atrapalha a fertilidade hoje

Verdade! Quanto mais jovem, mais fácil será para engravidar naturalmente. Sabemos que, ao longo da vida, os óvulos são consumidos continuamente e eles também envelhecem gradativamente, perdendo a eficiência. Não há uma regra, afinal, a fertilidade é um processo individual e cada organismo tem um ritmo que trabalha no tempo dele. Sendo assim, é recomendado ter acompanhamento médico e exames específicos para saber, o nível de reserva ovariana e receber orientações personalizadas. Vale lembrar que o exame não prevê a idade da menopausa, mas nos dá uma ideia da resposta ovariana aos medicamentos estimulantes da ovulação. É comum que, após os 30 anos de idade, seja intensificada a queda da quantidade e qualidade dos óvulos.

5.     Há um período certo para congelar óvulos

Verdade! O melhor é congelar óvulos quando se tem reserva em quantidade e qualidade adequada. Por este motivo, recomenda-se o procedimento de preservação da fertilidade entre os 25 e 35 anos de idade, assim a mulher ou o casal ficam livres para poderem tentar gerar seus filhos num melhor momento, se assim desejarem.

6.     O congelamento de óvulos é o último recurso

Mito! É importante destacar que o congelamento de óvulos deve ser um recurso preventivo da fertilidade e não uma opção para conseguir engravidar quando já se esgotou todas as possibilidades naturais. Há uma grande diferença entre preservar os óvulos e utilizá-los como a única opção para gestar. Aliás, mesmo tendo óvulos congelados, o recomendado é tentar a gestação natural primeiro se não houver outro impedimento.

Deixar os óvulos saudáveis guardados para o momento em que a mulher ou o casal se sintam preparados para terem um bebê deve ser o primeiro pensamento. Há mulheres, por exemplo, que aos 30 anos já apresentam uma baixa qualidade ovariana e nem sempre o recurso do congelamento é possível. Por isso, atentamos para a herança genética daquelas mulheres que apresentam casos familiares de menopausa precoce, principalmente quando ocorre antes dos 40 anos.

7.     Tratamentos oncológicos não interferem na fertilidade

Mito! Terapias oncológicas, sejam elas quais forem, podem prejudicar a saúde fértil das pacientes, pois, além de diminuírem a população de óvulos, reduzem a qualidade deles. “O nível de comprometimento da fertilidade de quem se submete a quimioterapia, por exemplo, varia de acordo com o tipo de droga, a idade da mulher e a condição em que o ovário se encontrava quando foi utilizada, podendo chegar em um alto índice de risco de evolução para menopausa prematura, atingindo até 80% das mulheres que se submetem a tratamentos de câncer.

8.     Posso não conseguir fazer o congelamento dos meus óvulos na primeira tentativa

Verdade! A obtenção de óvulos em quantidade suficiente, nem sempre é possível no primeiro ciclo do tratamento. Após exames específicos para descartar infecções transmissíveis pelos gametas, a mulher começa a se preparar para a retirada dos óvulos, estimulando a produção por meio de medicamentos injetáveis. A fase dura de 8 a 12 dias, tempo em que os óvulos estão maduros e prontos para serem aspirados. Porém, se o material não for de qualidade para fecundação futura ou estiver em quantidade insuficiente, é recomendado iniciar um novo ciclo.

9.     O procedimento para congelamento de óvulos é doloroso

Mito! Os óvulos estarão maduros e serão aspirados (removidos) com uma agulha inserida através da vagina sob orientação ultrassonográfica. Este procedimento é feito sob sedação endovenosa e não é doloroso. Os óvulos coletados são mantidos na incubadora para por algumas horas para equilíbrio da temperatura, pH, condições de gases e congelados antes de serem fertilizados. Então, quando a paciente desejar, serão descongelados, fertilizados e os embriões transferidos para o útero. O ciclo demora, normalmente, de 4 a 6 semanas e até o resultado do exame de gravidez.

10. Óvulos congelados têm prazo de validade

MITO. A técnica utilizada para a preservação dos óvulos é a vitrificação, uma das mais modernas e que apresenta recuperação de mais de 90% do material coletado, intacto. Isso ocorre porque os óvulos são envolvidos em uma solução que protege a célula de qualquer dano que possa ser causado pelo congelamento ou criopreservação.

Sobre o Gravidez na Minha Hora

O Gravidez na Minha Hora é um programa desenvolvido pela Ferring Pharmaceuticals. O objetivo da campanha online é conscientizar as mulheres sobre a sua fertilidade, desmistificar os tabus em relação à saúde da mulher e as possibilidades de preservação dos óvulos, para o planejamento do momento ideal da gravidez.  Para conhecer mais sobre o projeto, visite os canais: site www.gravideznaminhahora.com.br e as redes sociais Gravidez na Minha Hora no Facebook e Instagram.

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