Se há um ator em Hollywood que se apoiou em seu carisma ao longo da carreira, ele é Robert Redford. Seu filme mais recente, “The Old Man & the Gun” rendeu-lhe inclusive a indicação para o Prêmio Globo de Ouro de 2019 na categoria de Melhor Ator em Comédia ou Musical.
A obra é a cinebiografia do assaltante de bancos Forrest Tucker. Escrito e dirigido por David Lowery, tem como base o material reunido por David Grann em 2003, para o artigo “The Old Man and the Gun” publicado no The New Yorker. Está ali um personagem pronto, pela estratégia nos assaltos e pelas numerosas fugas de instituições correcionais e prisões.
Em síntese, a história gira em torno de como o policial vivido por Casey Affleck busca o trio de ladrões liderado por Redford, além do relacionamento dele com uma fazendeira idosa vivida por Sissy Spacek. Tudo é feito de maneira delicada, nobre, cavalheiresca e, acima de tudo, prazerosa.
O que mais intriga o policial é que Tucker realiza seus assaltos em pequenos bancos, com dois comparsas, sempre educadamente e sorrindo, sem disparar tiro algum. O que o filme coloca está justamente nessa questão do prazer que o protagonista coloca naquilo que faz. Ele assalta sorrindo e, mesmo preso, não se deixa abater. O sorriso permanece onipresente. O prazer não se esvaiu em momento algum de sua trajetória de fora da lei.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo |