Maternidade de Campinas entrega primeira fase das obras de modernização do hospital
Maior maternidade em número de nascimentos do interior do Brasil precisa se modernizar para enfrentar novos desafios. O hospital, cujos atendimentos a pacientes da rede pública ultrapassam 60%, necessita da ajuda da sociedade campineira para a realização das obras
O Hospital Maternidade de Campinas conclui a primeira fase do “retrofit” – termo utilizado principalmente na Engenharia para designar o processo de modernização -, entregando para a população, totalmente reformados, a área externa, a recepção e o quarto andar, agora com 20 apartamentos supermodernos – dos quais cinco PPPs (Pré, Parto e Pós-parto) – destinados exclusivamente para as internações particulares.
Responsável pelo maior número de nascimentos do interior do Brasil, a Maternidade de Campinas, assim como cerca de 80% dos hospitais filantrópicos do Brasil, passa por dificuldades financeiras. E o investimento para a modernização do hospital é alto. Atualmente, os atendimentos a pacientes da rede pública pela Maternidade de Campinas ultrapassam 60% do total. “Hoje, a conta não fecha”, explica o presidente da Maternidade de Campinas, Dr. Carlos Eduardo Martins da Costa Ferraz. O Balanço Financeiro de 2018 demonstra um déficit de R$ 6 milhões.
Somente nesta primeira etapa – que também inclui a construção de um novo prédio de três pavimentos para ampliar o Instituto de Patologia de Campinas (IPC) e para abrigar futuramente um novo centro cirúrgico e uma UTI Pediátrica – estão sendo investidos R$ 12 milhões. Os recursos foram obtidos com parceiros, financiamentos e por meio de campanhas de arrecadação junto à população. O Plano Diretor, no entanto, prevê um total de seis etapas até 2025.
Também a colaboração do Pró-Vida, do Ministério Público, do Rotary Club – por meio do projeto Sopro de Vida – e as doações voluntárias feitas por cerca de 200 médicos associados são exemplos do envolvimento da comunidade. Vale lembrar que toda a diretoria da Maternidade de Campinas exerce o trabalho voluntariamente na administração do hospital, não recebendo qualquer remuneração por esta dedicação.
Modernização
As obras realizadas nesta primeira etapa começaram pela área externa, que, além de modernizada, recebeu a instalação de três lojas cujos aluguéis também ajudarão no “caixa” do hospital. Com a área externa mais ampla e descontraída, espera-se desafogar o fluxo da recepção, igualmente reestruturada. O Café Pilão já está instalado, a Natura iniciará suas obras em julho, e o outro ponto está em negociação.
A construção do novo prédio do IPC – que funciona há 50 anos junto à Maternidade – está prevista como parte da primeira etapa, mas com obras independentes. Dos três pavimentos, o IPC ocupará apenas o térreo. Os primeiro e o segundo andares serão destinados à ampliação do Centro Cirúrgico e à criação de uma UTI – Unidade de Terapia Intensiva – Pediátrica.
De acordo com o Dr. José Eduardo Bueno Zappa, médico e sócio proprietário do IPC, a ampliação garantirá ao instituto uma nova sala de exames de congelação e aumentará as áreas de almoxarifado e arquivos. A legislação determina a guarda por 25 anos das lâminas e dos blocos gerados nos exames, o que justifica a expansão.
Seis etapas
As reformas serão gradativas e promovidas de acordo com o ingresso dos recursos financeiros. Quando concluídas, além de um hospital supermoderno, o número de leitos disponíveis passará de 266 para 300. Para a segunda etapa estão previstas a reforma e a ampliação do Pronto Atendimento e do Ambulatório de Especialidades, que, além da ginecologia, receberá também pacientes de outras áreas, como urologia, otorrino, ortopedia e cirurgia geral.
Investimentos externos serão necessários para a instalação da UTI Pediátrica, para a ampliação da Farmácia e do Centro Cirúrgico, também visando sua utilização por outras especialidades médicas. Na terceira etapa, o foco é o quinto andar, a substituição dos elevadores e a Central de Material de Esterilização. A modernização da UTI Neonatal e do segundo e terceiro andares está prevista para a quarta etapa.
Em seguida, na quinta etapa, haverá a revitalização das salas de cirurgia, do Centro de Obstetrícia, de todo o primeiro andar e a construção de uma segunda área de convivência. Por fim, a sexta etapa, que deve ser concluída até 2025, envolverá as áreas administrativas e de apoio e, ainda em discussão, a possibilidade da construção de um novo prédio em terreno coligado.
Ajuda da comunidade
A Maternidade de Campinas nasceu para ser o primeiro hospital de Campinas com condições de oferecer às mulheres o apoio e o cuidado necessários no momento do parto. Os primeiros prédios, que funcionam desde 1916 e 1965, respectivamente, foram construídos com a ajuda da população, motivada pela vontade de ter uma maternidade de referência na cidade.
“O hospital precisa acompanhar o crescimento de Campinas e as inovações da Medicina, inclusive tecnológicas. Há mais de 100 anos, a Maternidade de Campinas faz parte da vida da cidade. Difícil encontrar alguém com fortes ligações com Campinas que não tenha um parente ou amigo nascido neste hospital ou que não tenha usufruído de seus excelentes serviços. Sem essa modernização, a instituição não enfrentará a concorrência e poderá fechar as portas, a exemplo de tantos outros hospitais”, diz o Dr. Ferraz.
Sobre a Maternidade de Campinas
A Maternidade de Campinas foi fundada em 12 de outubro de 1913 diante da necessidade de se ter um hospital que atendesse as mães carentes. Foi o primeiro hospital de Campinas com condições de oferecer às mulheres o apoio e o cuidado necessários no momento do parto.
Quando de sua criação, era definida como “instituição inteiramente de beneficência, destinada a prestar gratuitamente socorro, tratamento e assistência a gestantes e parturientes reconhecidamente pobres”. Era mantida apenas por um número ilimitado de sócios.
Hoje, a Maternidade de Campinas é um hospital filantrópico sustentável de referência regional e representatividade nacional no atendimento à saúde da mulher. Promove mais de 23 mil internações mensais e cerca de 900 partos por mês, que representam praticamente a metade de todos os nascimentos ocorridos na RMC – Região Metropolitana de Campinas. Somados, atingem 97 mil pacientes anuais. Os atendimentos de emergência chegam a quase 65 mil por ano. Em torno de 60% dos atendimentos são dedicados ao SUS.
O corpo clínico conta com 645 médicos e 985 colaboradores celetistas. O seu Centro de Lactação – Banco de Leite Humano é referência e o hospital apresenta o menor índice de mortalidade dentro da Unidade de Tratamento Intensivo – UTI Neonatal. A baixíssima taxa de infecção é comparável aos melhores hospitais do mundo. Dos 40 leitos de sua Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) Neonatal, 22 são oferecidos para a rede pública. O hospital registra, aproximadamente, 800 atendimentos em UTI Neonatal por ano.