Trem São Paulo – Campinas – dois traçados possíveis: o antigo e o novo
Em sequência ao nosso artigo anterior sobre as sugestões de fase do Trem Intercidades (TIC) São Paulo – Campinas, temos mais algumas considerações a fazer sobre o
tema e as três fases (talvez quatro) propostas. Neste artigo iremos comentar sobre os
traçados possíveis:
- Traçado existente – utilizado nas 3 fases conforme discorrido à seguir (TA);
- Traçado novo – para alta velocidade (TN);
Vejamos os dois casos com alguns detalhes possíveis de serem feitos de modo se
ter otimização da organização de tráfego no futuro com boas ferrovias e trens comfortáveis para bom atendimento ao público, de modo a tornar o trem agradável e
confiável nos moldes de uma ferrovia européia de hoje (seria o ideal para nós). Seja:
- Traçado Antigo (TA):
Este traçado é o que foi construído pela antiga Companhia Paulista de Estrada de
Ferro entre Campinas e Jundiaí (TR1) e pela Estrada de Ferro Santos a Jundiaí (TR2)
entre Jundiaí e São Paulo.
a) O primeiro trecho – TR1 – é um traçado antigo que pode ser muito bem aproveitado
na Fase 1 (também dentro de certos aspectos e reformas na Fase 2) de nossa proposta
através de manutenção boa (troca de dormentes, de trilhos, retificação em algumas
curvas onde for possível, acertos em estações para outras vias para ultrapassagem ou
estocagem de vagões, etc.) que permitirá o trem TIC -Trem Inter Cidades- correr com velocidades de até
140 km/h em muitos trechos.
Nas estações de Valinhos, Vinhedo e Louveira poder-se-á fazer uma terceira e/ou
até uma quarta via para passagem de trens cargueiros ou ultrapassagem dos TIC´s
sobre outros trens. Nela temos um potencial de passageiros que podem utilizar trens
paradores para ir entre as cidades ou dirigir-se a São Paulo, Jundiaí ou Campinas.
É um trecho que não deve ser desativado sob qualquer pretexto pois nas 3 fases
será utilizado por trens de carga e TUE´s paradores (ou até por trens expressos). Nesse
trecho, o principal é:
* Retificar algumas curvas aumentando seu raio onde for necessário para se poder trafegar com mais velocidade por elas;
* Melhorar uma rampa existente entre Vinhedo e Valinhos para facilitar o tráfego principalmente durante a subida;
* Reformar as estações para os passageiros de modo a ficarem bem confortáveis. Sugerimos manter as características antigas nessa reforma e mantendo e conservando o patrimônio existente;
* Manutenção de via com troca de trilhos para os de tamanho maior e mais
adequado, dormentes (se possível de concreto onde for necessário), fixações, etc.
* Adicionar superelevação, sobrelargura, etc.
Existem algumas construções históricas nesse trecho que podem ser aproveitadas
para turismo. Também é uma excelente ideia se ter um trem turístico que percorresse
todo esse trecho com paradas nas cidades intermediárias.
b) O segundo trecho – TR2 – é também um traçado antigo que pode ser muito bem
aproveitado nas Fases 1 e 2 de nossa proposta. Ele já possui tráfego diário com trens
de subúrbio (TUE´s) em todo sua extensão. Composições de carga também trafegam
por ele principalmente à noite.
Este traçado é similar em construção e unido ao TR1 em Jundiaí. Está em
melhores condições de conservação devido às necessidades do tráfego diário de TUE´s.
Essas condições podem ser melhoradas mais ainda para aumento de tráfego de passageiros e, possivelmente, de carga também através de:
* Retificação de curvas;
* Desvios para ultrapassagens;
* Troca de trilhos para perfis maiores;
* Adicionar superelevação, sobrelargura, etc. para adequar para uma velocidade
maior;
* Acerto em rampas maiores;
Podemos e achamos que devem ser feitos também durante a fase 2, a implantação trechos alternativos para permitir a passagem dos trens com maior velocidade. Isso deverá ser feito sem desativar o trecho mais antigo o qual passa pelo túnel de Botujuru (os trens de carga e alguns trens de subúrbio devem continuar trafegando
por esse trecho antigo) onde tem rampas maiores e algumas curvas fechadas. Isso será
bom e adequado para que o TIC- Trem Inter Cidade e os trens expressos diminuam o tempo de percurso
entre São Paulo e Jundiaí e criando um clima para a população se tornar favorável ao
uso do trem.
-> Trecho Novo (TN)
Este trecho novo deverá ser muito bem projetado de modo a permitir velocidades
maiores com valores de até 240 km/h. Para isso tem que atender alguns requisitos
relacionados a seguir:
* Manter a bitola padrão brasileira de 1,60 metros;
* Raios de curva em via mínimos de 800 metros e de preferência maior que 1000
metros ou mais, de acordo com a geometria de via e geologia dos locais por
onde passa;
*A via deve ser de dupla mão com a colocação de pelo menos mais duas linhas
nas estações para ultrapassagem e alguns desvios para estacionamento em
caso de necessidade;
* As entradas de São Paulo e Campinas devem obedecer o traçado atual desde
que se faça as devidas adaptações e reformas;
* Deve ser previsto futura extensão para Americana e mais além;
* Deverá ter nas curvas sobrelevação e e sobrelargura adequadas;
* Trens de carga só deverão trafegar nessa linha em casos emergenciais;
* Os de passageiro a trafegar nela serão o TIC e trens expressos característicos
tais como os TIM (trem intermunicipais);
* Deve-se prever uma saída para Viracopos por meio de VLT com transbordo
feito na estação de Campinas;
* Todas as estações devem ter alta capacidade de passageiros;
* Etc.
Nota: A infraestrutura principal deve permitir que, no futuro, os trens tipo TAV´s
passem por esse trecho sem muitas modificações e adequações.
-> Tempo de implantação
Estimamos a grosso modo um tempo de 2 à 3 anos para implantação completa
desses serviços iniciais para a ligação entre São Paulo e Campinas por TIC utilizando
sem abandono o traçado antigo. Esse fato indica que poderemos atender municípios
como Valinhos, Vinhedo e Louveira além de outras estações intermediárias com TIC´s e
TIM´s o que será ótimo.
Esse tempo permite que se faça o projeto e estudos de trechos novos para mais
alta velocidade, incluindo TIC´s de até 240 km/h - Por: Juvenal Mome – Engenheiro especialista em transporte ferroviário