Uma vida Pascal 

 

Certa vez, um homem convertido recentemente ao cristianismo se encontrou com um amigo seu, não-crente, e entabularam uma conversa muito interessante. Um pouco incômoda para o cristão, mas muito esclarecedora. Perguntou o amigo: “Você se converteu a Cristo? É verdade, disse o convertido. O amigo continuou: Então, você deve saber muita coisa a respeito de Cristo, não é verdade?

A conversa seguiu, com muitas perguntas feitas pelo amigo para testar os conhecimentos do convertido: “Diga-me, pois, em que cidade Jesus nasceu? Qual era a sua idade, ao morrer? Quais Sinagogas Ele freqüentou? Quantos sermões Ele pregou? E outras mais.  

E o homem sempre respondia: “Não sei”. Então o Amigo se apressou em dizer: “Você sabe muito pouca coisa de Jesus para quem se considera um convertido!” Este não se aborreceu com as perguntas, e respondeu: “Olha, Amigo, Você tem razão, eu tenho vergonha de saber tão pouca coisa a respeito de Jesus. Mas, uma coisa eu sei, com certeza: “Há uns três anos atrás, eu era um alcoólatra e com muitas dívidas. Meu lar estava em ruínas. Minha esposa e meus filhos, noite após noite, tinham pavor de minha volta para casa. Agora deixei de beber e já não devo nada. Cada noite, minha esposa e meus filhos me esperam sorridentes. Tudo isso Jesus Cristo fez por mim: é tudo o que eu sei a respeito de Cristo.

Moral da história: é muito bom saber muitas coisas sobre Jesus. Mas, o mais importante é ser transformado pela Pessoa que se conhece e se ama de verdade. O mais importante é deixar-se transformar por dentro, e isso é realmente muito mais difícil.

O tempo da Quaresma está nos preparando para celebrar a Páscoa. A participação na Missa, o encontro com os irmãos, na comunidade, e a escuta da Palavra são muito importantes. Assim como todas as cerimônias maravilhosas e significativas da Semana Santa. Mas o que é mais importante ainda é abrir espaço no coração para que Jesus possa mudar a nossa vida.

Quaresma e Semana Santa precisam fazer a diferença e mudar alguma coisa em minha vida. Celebrações bem preparadas, com boas leituras, músicas comoventes, roupas novas para Ministros, velas bem coloridas ajudam a entrar no espírito do Rito que realizamos.

Mas se não transformar algo em mim mesmo irá merecer, sem dúvidas, as mesmas críticas de Jesus aos fariseus e saduceus: “Esse povo me louva com a boca, mas seu coração está longe de mim… Quero misericórdia e não sacrifício”.

O mundo precisa de mudança. Violência, egoísmo, indiferença e cultura de morte aumentam. Não sou chamado a criticar e mudar os outros, mas sou provocado e questionado para mudar a mim mesmo. E isso é mais difícil. Mas é a única resposta ao convite de Jesus para ressuscitar com Ele. Feliz Páscoa!

 

Luiz Carlos F. Magalhães é jornalista e Pároco Emérito

da Paróquia Cristo Rei, Campinas

                                     

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