Educação em tempos de pandemia

O tsunami que atingiu governos, instituições, empresas e pessoas, atingiu em cheio a Educação. O espaço das escolas foi o primeiro a ser isolado, pela aglomeração, pelas diferentes faixas etárias e porque os alunos poderiam ser contaminados, pareceriam sãos e contaminariam a cadeia de pais, colegas, professores e avós.

Imediatamente surgiu a pergunta: podem os estudantes ficar sem aprender, por um período tão longo e de final imprevisível? A resposta dos educadores foi taxativa: NÃO, EM HIPÓTESE ALGUMA.

As crianças e jovens estão em uma fase muito ativa da vida, precisam carrear energias para o esporte, o lazer, o convívio social, a educação, a cultura, os jogos. Na impossibilidade do contato presencial professor-alunos-colegas, muitas escolas passaram a utilizar-se de ambientes virtuais de aprendizagem, dentro dos quais é viabilizada a transferência de conteúdos pedagógicos, espaços de leitura, realização de tarefas, avaliações, interações com os pais.

Se o ambiente é moderno e amigável, a interação é agradável, permite solucionar problemas, espaço para pesquisa, desafios etc. Parece ser fácil, mas é extremamente trabalhoso para os professores preparar os conteúdos, interagir, falar aos pais, aos alunos, prestar contas à direção da escola.

Mas com todo esse esforço, muitos avanços ocorreram e até estágios futuros da educação remota foram queimados. É claro que nem o mais competente esforço virtual pode eliminar o calor e a interação humana presencial, afinal as metodologias se complementam, não se anulam.

As escolas do ensino básico privadas possuem tais mecanismos já desenvolvidos de aprendizagem remota, o mesmo ocorrendo com as Universidades Públicas. Já as escolas públicas de ensino fundamental encontraram mais dificuldades para implantar esse sistema, em função de limitações estruturais ou humanas. Neste momento cabe aos governos aperfeiçoar os ambientes de aprendizagem e a capacitação docente e dos estudantes, para enriquecer a educação remota e evitar um hiato indesejável no processo de ensino e aprendizagem.

É sempre possível recuperar conteúdos e metas aparentemente perdidas, no momento em que as atividades nas escolas puderem retornar com segurança.

E por falar nisso, muitos se perguntam se já é possível colocar as escolas nas primeiras fases de retorno às atividades. Penso que não, as crianças e jovens provêm de diferentes regiões das cidades, possuem hábitos e tipos de moradia distintos. A chance de contaminação cruzada é elevada, tornando a situação de pais e avós que residem juntos ainda mais vulnerável.

As curvas de contaminação e morte no Brasil ainda estão crescendo, nem atingiram o pico ainda. Em países em que a economia começa a ser gradualmente retomada, escolas secundárias começam a receber poucos alunos, dispostos distantes entre si, com cuidados extremos. Mas são jovens mais conscientes, por sua faixa etária. No caso das crianças, como evitar o abraço, o contato, a troca de materiais?

São problemas presentes em muitos setores, mas a educação é o único que atravessa idades, condições de moradia, sociais e econômicas tão díspares, tornando mais complexas as medidas de unificação de critérios.

Se não podemos voltar à normalidade anterior, precisamos fazer com que crianças e  jovens se relacionem com os professores, se exercitem, troquem mensagens, comam melhor, joguem entre si, contem histórias,  cozinhem, entrem em ambientes de teatros, museus e “lives” disponíveis na internet. E, sobretudo, conversem com os pais, ampliem os laços de interação e compreensão mútua. A saúde emocional é também essencial, dissipando o pânico e o temor.

Nosso objetivo é universalizar a educação, com qualidade. Não podemos desperdiçar nenhuma chance para que isso aconteça.

Prof. Eduardo Coelho

Ex-Reitor da PUC Campinas, Ex-Deputado Federal, Ex-Professor da UNICAMP, Ex-Secretário de Educação de Campinas

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